Notícia boa para as famílias e para a construção civil: com a abertura do FGTS Futuro, o setor vê uma oportunidade de crescimento dos negócios aliado a maior oferta de moradias populares.
Com a aprovação da medida em março e o início das operações em abril, as famílias da Faixa 1 (rendas até R$ 2.640,00) do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) agora contam com um auxílio a mais na hora de conquistar a casa própria. Isso porque as parcelas mensais do FGTS que ainda serão depositadas pelo empregador poderão ser caucionadas para pagamento de uma parte do financiamento habitacional.
Atualmente, os bancos permitem que o cliente comprometa até 30% da sua renda para financiamento habitacional. Caso tenha uma aprovação condicionada entre 20% e 29% dos seus ganhos, a medida estabelece o complemento dessa condição com o FGTS Futuro, aumentando assim o acesso ao crédito.
Por exemplo: um cliente que ganha R$ 2.640 poderia comprometer até R$ 792 para pagamento da prestação, com um financiamento liberado de R$ 157.900. Caso o banco aprove 25% do seu comprometimento de renda, ou seja, R$ 660 de prestação, o crédito liberado seria de R$ 145.000.
O FGTS Futuro, neste caso, permitirá que o indivíduo complemente a porcentagem não liberada pelo banco com os depósitos mensais. Isso faz com que o cliente tenha a capacidade de pagar por mês R$ 792, sendo que R$ 132 serão caucionados por meio dos depósitos futuros do FGTS, bem como o valor de financiamento total. Essa medida significa uma ampliação aproximada de 8% no poder aquisitivo das famílias.
Diante desse cenário, as empresas da área enxergam com bons olhos a chegada do FGTS Futuro – e têm motivos para isso.
A casa própria mais perto
Na luta pelo sonho da casa própria, o principal objetivo das famílias brasileiras com menor renda é serem aprovadas nos financiamentos bancários. Afinal, além da aprovação do banco, que financia até 80% do valor do imóvel, existe o desafio da entrada não financiada (mais 20%), que precisa respeitar a capacidade mensal dos compradores.
Como os trabalhadores que se encaixam no MCMV dependem da liberação de crédito para a aquisição da moradia, o FGTS Futuro surge como uma alternativa para que mais famílias consigam o seu próprio lar.
De acordo com um estudo do governo, a expectativa é de que 40 mil famílias com renda até R$ 2.640 (dois salários-mínimos) saiam beneficiadas pela aprovação do FGTS Futuro. Portanto, os clientes potenciais aumentam no radar do mercado imobiliário.
Até porque, só em 2024 foram destinados mais de R$ 117 bilhões do FGTS para o setor da construção civil, o que deve resultar em 340 mil novas unidades em empreendimentos espalhados pelo Brasil.
Boa notícia para a construção civil
Diante desse panorama, a demanda por produtos e serviços imobiliários dispara, dando um sinal verde para as companhias investirem com força em novos projetos. A medida também impacta a economia geral, visto que, com o aumento da procura por moradia, cresce a abertura de novas vagas de emprego. E com mais pessoas empregadas, mais o dinheiro gira no país. Sem falar que a construção civil está no topo dos setores que mais empregam no Brasil.
Outro ponto positivo é a possibilidade de ampliação de atendimento das faixas do Minha Casa, Minha Vida. Inicialmente, apenas a faixa 1 está contemplada, porém, o plano governamental é expandir o atendimento para a faixa 2, que atende rendas de até R$ 4.400, e faixa 3, que abrange ganhos de até R$ 8.000.
Com o aumento do limite, cresce o leque de tipos de empreendimentos que as construtoras poderiam investir com maior segurança. Mas para chegar a esse patamar, é preciso que o CCFGTS (Conselho Curador do FGTS) aprove as regras em andamento, o que está sendo aguardado pelo mercado ainda para o primeiro semestre de 2024.
Caso a pessoa consiga aumentar a sua renda no trabalho, ela automaticamente passa a receber uma parcela maior do FGTS. Dessa forma, todo o valor a mais depositado será utilizado para a amortização da dívida, trazendo mais segurança para o cliente, o banco e as construtoras.
Agora, se a parcela de FGTS depositada for menor, o banco fará a incorporação do saldo restante ao montante contratado, diluindo a diferença no prazo total.
Por enquanto, o único aspecto preocupante, visto como um desafio pelo mercado, diz respeito aos casos de demissão do funcionário. Na prevenção desse possível risco, a CEF propôs a suspensão do pagamento da parcela por até seis meses e a incorporação dos valores suspensos na dívida total. A ideia tem o propósito de dar uma margem para que o profissional retorne ao mercado de trabalho e volte a fazer o pagamento com os depósitos do FGTS.
Em conversas com outros players da construção civil, as empresas já estão em movimento para expandir o portfólio de ofertas e aguardando a extensão do programa para as demais faixas.
O setor precisa de demanda para crescer e as pessoas da sua própria casa para morar. Nada melhor do que unir o útil ao agradável.